Depois de 14 meses afastado da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e do Mercosul (bloco econômico dos países latinos), o Paraguai participa de sua primeira reunião de volta ao bloco de organização da América Latina. O país estava afastado da Unasul desde junho do ano passado, quando o ex-presidente Fernando Lugo, sofreu impeachment acusado de corrupção.
Na época, os chefes de Estado que faziam parte da Unasul e do Mercosul decidiriam afastar o Paraguai por não concordar com as direções que a democracia tomava no país. Em abril deste ano, o povo paraguaio elegeu o novo presidente do país, Horácio Cartes, que tomou posse oficialmente no dia 15 deste mês. Com o novo presidente, o Paraguai foi readmitido nos blocos latino-americanos.
A volta do Paraguai à Unasul já gerou impasse entre as autoridades paraguaias e venezuelanas. O ex-presidente do Paraguai, Frederico Franco, acusava o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de promover o isolamento continental do país. Mesmo com a troca dos presidentes, a relação exterior entre os dois países segue abalada e as atenções se voltam para o encontro entre o presidente paraguaio, Horácio Cartes e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
A reunião da Unasul acontece nesta sexta-feira, em Paramaribo, no Suriname. Além do Suriname, Venezuela e Paraguai também estarão presentes o Chile, o Brasil, o Uruguai, a Argentina, a Colômbia, a Bolívia, o Peru, o Equador e a Guiana. O México e o Panamá foram convidados como observadores na reunião da Unasul.
Brasil e Bolívia devem resolver caso de asilo
O encontro da Unasul, nesta sexta-feira, além do impasse entre Paraguai e Venezuela, também chama a atenção para a reunião entre a presidente do Brasil, Dilma Rousseff e o presidente da Bolívia, Evo Morales. Na pauta, os dois chefes de Estado deverão falar sobre o recente caso envolvendo as autoridades brasileiras e o senador boliviano, Roger Pinto Molina.
No último domingo, alegando que a vida do senador boliviano corria perigo, o diplomata brasileiro, Eduardo Saboia, organizou uma fuga secreta de Molina, em carro oficial brasileiro, para o Brasil. O senador Molina é acusado de corrupção pelo governo boliviano e estava em asilo na Embaixada do Brasil na Bolívia.
O episódio causou grande revolta das autoridades bolivianas, que exigem que o Brasil devolva o senador acusado. Molina não tem o salvo-conduto, um documento que permite que ele deixasse a Bolívia. Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff, em visita ao Congresso Nacional, já havia de manifestado sobre o caso. No entendimento da presidente brasileira, o diplomata Eduardo Saboia errou em trazer, sem autorização, nem conhecimento das autoridades, o senador boliviano procurado em seu país.
Nesta quinta-feira, o Ministério Público boliviano emitiu um ‘alerta vermelho’ para a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), pedindo a prisão urgente do senador Roger Pinto Molina. As autoridades da Bolívia declararam, durante esta semana, que a confiança com o Brasil ficou abalada depois do caso de fuga do senador Molina, não só na América Latina, como também no cenário mundial.